
É com indignação que a COALIZÃO NACIONAL DE MULHERES, na ação de sua representação coletiva, somada a iniciativa de suas signatárias-membros, vem a público diante das condições e violações sofridas pela Ministra Vera Lúcia Santana Araújo, integrante do Tribunal Superior Eleitoral.
As violações prescritas ao feminino, pelo comum esvaziamento de sua expressão nas esferas de Poder soma à repugnante condição do racismo evidenciado, com a sujeição de vidas e da dignidade humana, comumente prescrita pela hierarquia imposta.
Evidencia-se: o colonialismo, o escravagismo, o racismo e o sexismo, que discriminaram por milênios e condenaram à morte, continuam a impor processos de exclusão, de invisibilidade e de silêncio.
Estarrecedor se mostra que tal ocorrência de violação sofrida pela Ministra do Tribunal Superior Eleitoral se fez presente dentro de um órgão público e durante a realização de um Seminário Jurídico circunscrito ao Universo do Direito, no XXV Seminário - Ética na Gestão, junto à sede da Advocacia Geral da União.
A violação sofrida nos revela que o avanço normativo à cidadania, atestado pela Constituição Republicana de 1988, está muito longe de seu efetivo alcance.
A ocorrência mostra a necessidade premente de um sistema integrado à proteção diante de vulnerabilidades impostas culturalmente, visto que os atos devem estar sujeitos à supervisão quanto à conformidade dos objetivos que guarnecem uma sociedade plural, comprometida na ordem nacional e internacional, com a prevalência dos Direitos Humanos.
Imprescindível se faz a mudança de paradigmas à superação de uma comum resistência que insiste na reprodução de velhas estruturas que categorizam níveis de valor diferenciado entre grupos, indivíduos e suas expressões.
Condutas criminosas precisam ser rechaçadas com rigor.
Racismo é crime.
Discriminação e violência são modalidades ilícitas que atestam a necessidade de responsabilização e reparação.
Com indignação, manifestamos com veemência a necessidade de uma Política de Estado voltada à Equidade, em todos os setores que guarnecem os âmbitos públicos.
A violência sofrida pela Ministra Vera Lúcia Santana Araújo demonstra o quão distantes ainda estamos diante de efetivas garantias que atestem a superação de preconceitos, da discriminação e de violações à dignidade humana.
É preciso investir igualmente na formação, sensível e empática, sem descurar que tais medidas precisam verter para uma visão integrada entre as funcionalidades e exercício dos Poderes de Estado.
O Brasil guarda cicatrizes históricas.
Precisamos de todas as vozes à mudança.
A dignidade não sofre desnível por condições de classe, cor, sexo, gênero, etnia, local de nascimento ou qualquer outro elemento circunstancial à existência.
Somos igualmente humanos e detentores da mesma dignidade existencial.
Espera-se que essa perversa ocorrência lance luzes à consciência, para que a desigualdade imposta possa ser verdadeiramente enfrentada.
Temos esse dever público. E este é um dever de todas e todos nós.
Brasília, 21 de maio de 2025.
Min. MARIA ELIZABETH ROCHA
Ministra-Presidente do Superior Tribunal Militar
Integrante do Coletivo de Mulheres COALIZÃO NACIONAL DE MULHERES
Dra. ADRIANA CECILIO
Advogada e Professora de Direito Constitucional
Diretora Nacional do Movimento COALIZÃO NACIONAL DE MULHERES
Dra. AMINI HADDAD
Juíza de Direito
Coordenadora do Comitê Pró-Equidade da Presidência do STM
Integrante do Coletivo de Mulheres COALIZÃO NACIONAL DE MULHERES
Juíza federal Marciane Bonzanini participa de Seminário no TJRS
Presidente do STM aponta tom misógino em crítica de ministro