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Silveira joga no tabuleiro global dos data centers

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Ronaldo Nóbrega 29 de junho de 2025
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Por Ronaldo Nóbrega

Editor Sênior Justiça em Foco

Um novo tipo de corrida pelo ouro está em marcha no Brasil. Mas, ao contrário da febre que moldou impérios no século XIX, esta é silenciosa, voltada ao território energético. Data centers exigem fornecimento contínuo e confiável, com baixíssima tolerância a falhas. Essa demanda transforma a rede elétrica, antes moldada por lógicas industriais e residenciais, em arena estratégica da nova economia digital.

Até junho de 2025, o Ministério de Minas e Energia (MME) já contabilizava 52 pedidos de conexão de data centers à Rede Básica do Sistema Interligado Nacional (SIN), com projetos espalhados entre Ceará, Bahia, São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro. Destes, 18 já foram oficialmente reconhecidos por portarias do ministério. Só neste ano, seis portarias foram publicadas, sendo quatro para São Paulo, uma para a Bahia e outra para o Rio Grande do Sul.

O salto é exponencial. De 12 projetos registrados até maio de 2023, o número cresceu 330% em pouco mais de um ano. As projeções indicam que a carga total desses centros pode chegar a 13,2 GW até 2035, se todos os pedidos forem validados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Para o ministro Alexandre Silveira, a tendência confirma o novo papel do país na economia global. “Nosso país tem um papel muito importante diante da expansão de serviços de inteligência artificial e armazenamento de dados, pois temos recursos energéticos e uma matriz energética renovável. Estamos avançando para tornar o ambiente regulatório ainda mais atrativo e para fortalecer a infraestrutura energética e tecnológica em todas as regiões.”

O processo de acesso à rede exige que o interessado apresente um Estudo de Mínimo Custo Global, conforme previsto na Portaria MME nº 24/2014. Esse estudo avalia alternativas técnicas de conexão com base em custo e perdas elétricas. A solução mais eficiente é reconhecida em portaria, permitindo ao solicitante avançar com o pedido de parecer de acesso ao ONS, etapa anterior à contratação do uso do sistema de transmissão.

Há também um impacto regional relevante. A expectativa é que os data centers sejam abastecidos prioritariamente por fontes renováveis, o que os tornaria exemplos de descarbonização digital. Ao se instalarem em diferentes estados, têm potencial de aquecer economias locais, gerar empregos qualificados e transformar a paisagem econômica de regiões antes marginalizadas da transformação digital.

A corrida dos dados começou, e o Brasil, segundo Alexandre Silveira, está se posicionando para vencê-la.

                                                

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