Daniel Sabença, CEO da Mobcall e especialista em automação de atendimento e inteligência artificial conversacional*
A criação de marcos regulatórios estaduais e centros públicos de inovação em inteligência artificial (IA) no Brasil é um passo crucial para garantir uma governança ética e responsável em um cenário tecnológico em rápida evolução. Segundo um estudo da McKinsey, a IA pode adicionar até US $ 1,5 trilhões à economia brasileira até 2030, mas a falta de uma estrutura regulatória sólida pode comprometer esse potencial. Além disso, uma pesquisa “IA no Brasil, Oportunidades e Desafios” realizada pela PwC aponta que 70% das empresas brasileiras ainda não possuem políticas claras sobre o uso de IA, o que evidencia a urgência de uma abordagem regulatória que promova a inovação sem abrir mão da responsabilidade social.
Iniciativas de marcos regulatórios estão sendo desenvolvidas em estados como Goiás e no Distrito Federal, onde leis estaduais e centros integrados de inovação estão em andamento. Essas ações visam estabelecer princípios éticos e estruturas de governança que garantem a transparência e a responsabilidade no uso da IA. No entanto, a realidade é que a ausência de uma regulação abrangente e distribuída pode levar à concentração de decisões em ambientes que não refletem a diversidade social e cultural do Brasil.
Sem regras claras, há o risco de que modelos de IA reforcem desigualdades existentes e operem com visões não auditáveis. Além disso, a falta de uma estrutura regulatória pode dificultar a atração de investimentos internacionais, especialmente em setores críticos como saúde e educação, onde a IA pode trazer tantos avanços significativos quanto a distorções prejudiciais. Para que o Brasil realmente aproveite o potencial da inteligência artificial, é fundamental que os estados e municípios adotem uma abordagem mais integrada e colaborativa. Isso inclui a criação de comitês locais de ética e governança de dados, além de programas de capacitação técnica para servidores públicos.
A promoção de parcerias com universidades e startups também é essencial para fomentar um ecossistema de inovação que atende às necessidades locais. A solução não reside apenas na implementação de marcos regulatórios, mas na construção de uma cultura de responsabilidade e transparência que permite que a IA seja uma aliada no desenvolvimento social e econômico do país.
Por fim, o avanço dos marcos regulatórios estaduais e a criação de centros públicos de inovação em IA são passos fundamentais para garantir que o Brasil não apenas acompanhe a revolução tecnológica, mas o faça de maneira ética e responsável. A construção de um ambiente regulatório sólido e inclusivo é essencial para que a inteligência artificial se torne uma ferramenta de equidade e justiça social, promovendo um futuro mais justo e sustentável para todos os brasileiros.
*Daniel Sabença é fundador e CEO da Mobcall, empresa brasileira especializada em automação de voz e inteligência artificial. Atua há mais de 10 anos com soluções tecnológicas voltadas à experiência do cliente, vendas e atendimento, com foco em eficiência e empatia.